sábado, novembro 18, 2006

TRISTEZA

18 de novembro de 2006. No dia em que o São Raimundo comemora o seu 88º aniversário, o time perde por 3 a 0 para o Remo em Belém e praticamente está rebaixado para a Série C do campeonato brasileiro. Neste momento, muita coisa se passa na cabeça dos verdadeiros torcedores do Tufão.

Não sei se é a hora de se procurar culpados. Não sei se é a hora de vasculhar a campanha do time e procurar entender quais foram os pontos perdidos que levaram a esta situação. Talvez não seja nem a hora de entregar os pontos, já que existe ainda uma chance de se manter na Série B.

Mas é hora certamente de se pensar para frente. Por os pés no chão e entender o quão frágil é a estrutura do São Raimundo e de todo o futebol amazonense. Um futebol que vive sem o menor apoio da iniciativa privada. Que vive sem o menor apoio da comunidade amazonense, que prefere torcer para os times de fora, do que prestigiar os times da terra. Que é levado à sério somente por uma meia dúzia de abnegados, torcedores apaixonados por suas agremiações, e por alguns setores da imprensa local, que podemos contar nos dedos.

O futebol amazonense não se sustenta em si e depende basilarmente de recursos públicos e da ingerência de certos mecenas e/ou administradores passageiros, que podem largar a qualquer momento suas equipes, quando as coisas vão mal, sem a menor preocupação de deixar algo de concreto, que traga uma mínima estrutura de auto-sustentação administrativa e operacional para os times.

O rebaixamento do Tufão - previsível há alguns anos, principalmente depois que as séries A e B passaram a contar somente com 40 clubes - é péssimo para o futebol local, mas inevitável, face a eminente falta de estrutura de nosso futebol. Não temos como fugir de nossa mediocridade. Pode-se afirmar que até demorou para que este dia chegasse.

Até entendo a alegria de muitos torcedores rivais neste momento triste do Tufão, uma vez que ainda temos alguma rivalidade local, principalmente com o Nacional. Só lembro a todos, que não somos os times do Pará, que contam com fortes patrocínios das empresas da região e que são incondicionalmente prestigiados pelos seus torcedores, que lotam os estádios até nos certames regionais.

O futebol amazonense custará a se reerguer. Temos uma conjuntura histórica de miscigenação inter-estadual provocada pela mola propulsora de nossa economia - a Zona Franca de Manaus - que trouxe pessoas de todos os cantos do país para nossa cidade. Estas pessoas vieram com suas culturas, e com suas preferências futebolísticas, não tendo grandes comprometimentos com nossas raízes e a realidade de nosso futebol. Percentualmente, e, mesmo em números absolutos, poucas são as pessoas no Amazonas que torcem por times da terra e que se declararam prontamente sãoraimundenses, nacionalinos, rionegrinos, Fastianos, antes de qualquer time de fora.

Voltamos ao ponto zero. Temos que começar tudo de novo. Chega de incursões amadoras no futebol amazonense. Chega de reclamar e nada fazer pelo nosso futebol. Vamos conclamar a sociedade a discutir o assunto. Se chegarmos a conclusão que não existe interesse em se ter um futebol de nível profissional no estado, vamos entregar os pontos. Vamos nos desfiliar da CBF, fazer um campeonato amador que dure por 10 meses e brincar entre nós numa grande festa com as presenças de São Raimundo, Nacional, Rio Negro, Fast e outros clubes, deixando de lado definitivamente a nossa participação no campeonato brasileiro e no futebol profissional.